Eu sou um pintor
um pobre pintor
de imaginação.
E o Outono é tão triste,
que nem alma tenho
para escolher a cor!
Eu sou pintor
que só conhece
a alma das cores.
E o outono é tão triste...
Mas transformando o Outono
em Primavera
os prados ressequidos
serão tão verdes...
tão verdes...
que hei-de pôr
animais a pastar...
... e sorrisos de crianças
entre as flores...!
E em vez de folhas caídas,
cheias de amarelo,
porei folhagens verdejantes
a balouçarem numa brisa
acariciante
e terna
em harmonia com o rosto
sereno e feliz
do lavrador!
E ao longe,
entre os montes,
um tom azulíneo dará a sensação
que tudo se transformou em paz
e amor...!
E a água corrente do ribeiro
tão límpida...
tão clara...
terá a alegria esfusiante
da passarada!
Que bela criação!
Eu sou um pintor
um pobre pintor
da imaginação!